Aprender inglês com tradução é errado?

Já adiantamos antemão que o tema é polêmico. Em partes, a polêmica entorno envolve mais preferências individuais de professores e alunos do que uma conclusão com base em estudos metodológicos. Outra parte é devido a associação da prática com um antigo método bastante ortodoxo empregado no início do século XX, denominado “Gramática e tradução” onde o objetivo era, de fato, memorizar estruturas em inglês e a respectiva tradução associado às regras gramaticais. Enfim, isso ficou no passado. Mas longe de querer complicar a cabeça do caro leitor com terminologias, vamos enxergar quando a tradução é algo maléfico e quando ela pode ser tranquilamente empregada durante o aprendizado.

  • 1. Na gramática: Um erro comum cometido por iniciantes é tratar o inglês como sendo um “espelho” da língua mãe. Ora, são dois idiomas com evolução histórica e origem distintas. As mesmas regras nem sempre se aplicam. Logo, a adição do “DO” como auxiliar em perguntas, por exemplo “do you speak english?” não faz menor sentindo quando traduzido. E nem tem uma explicação lógica. É simplesmente como o código na língua evoluiu! Logo, utilizar da tradução nesse exemplo é de pouca utilidade.
  • 2. Vocabulário: Você está assistindo uma série de advogados e de repente surge a seguinte expressão “file a lawsuit”. Você olha no dicionário em inglês? Vai complicar mais a sua vida. Pode olhar a tradução sem problemas e verá que significa “entrar com uma ação judicial. Só não esqueça de ver como essa expressão é utilizada em diversos contextos. Agora os dicionários online (Macmillan, Cambridge) são de boa serventia dando exemplos da utilização do termo.
  • 3. Frases extensas: Quando se escolhe certo material em inglês para estudo (livro, filme, vídeo), nós, professores de inglês, sempre tomamos o cuidado para que o nível de inglês esteja de acordo com o nível do aluno. Por uma razão simples: O aluno deve ser capaz de compreender uma boa parte do material sem a necessidade de uma tradução do mesmo. O processo de aquisição linguística deve ser intuitiva desde o início. A atividade de tradução palavra por palavra com intuito de memorizar é fracassada e ineficiente.

Finalizo enfatizando que aprender é um constante processo de autoconhecimento e tudo é válido, sendo difícil estabelecer regras. Mas uma forma eficiente de aprender qualquer idioma é pelos “chunks of language” ou pedaços de língua. Que são frases completas como “what do you mean?”, “How are you doing?”, “I don`t think so”. Entender o significado global dessas frases é mais eficiente que cada elemento dentro dela.

Lucas P. Silva

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